terça-feira, 7 de junho de 2011

Resenha: Sangue Quente - Isaac Marion



Bom, com este livro, eu estive com o R em comunidades de um mundo pós-apocalíptico, lugares 'maravilhosos' como estádios e aeroportos...rsrsrs... mas, o que importa é a companhia. E você,  Onde você está agora


OI, EU SOU UM ZUMBI e isso não é tão ruim assim. Me desculpe por não poder me apresentar direito, mas não me lembro do meu nome, nenhum de nós se lembra. Também nos esquecemos de nossos aniversários e das senhas do banco. Acho que meu nome começava com R. É engraçado porque, quando era vivo, vivia me esquecendo do nome dos outro. Estou descobrindo que esse tipo de ironia está muito presente na vida dos zumbis, mas é difícil rir quando mal consigo falar. 
Bom gente, pra começar, é um romance sobrenatural que não fala de vampiros, lobisomens ou anjos. Este livro fala de zumbis. O personagem principal é o R, ele é um zumbi que acha estar na faixa dos vinte, mas bem poderia ter 30 ou ser um adolescente já que ele não faz idéia de quando morreu ou de como foi sua morte. 
O livro não é grande. São menos de 300 páginas que te envolvem de uma maneira tal que é impossível levantar antes de lê-lo por inteiro. O Isaac Marion soube escrever a história nos levando para bem longe daquele estereótipo dos roteiros de cinema. Não que os zumbis sejam lindos e cheirosos, não, não é isso. Eles continuam fedidos e com um aspecto bem grotesco de carne apodrecida, mas eles são descritos de forma bem distinta, em diversos níveis de transformação ou estágios de putrefação. 
De alguma forma, o R tem um aspecto ainda inteiro. Sua pele é cinza e seus olhos não têm vida, mas não lhe falta nenhuma parte do corpo e seus ossos não estão  à mostra.
R é um personagem altamente reflexivo. Ele narra a sua história e a vida nas comunidades que se criaram após guerras, inundações e "a praga" que atingiu a sociedade e fez com que os mortos virassem zumbis. Bem, não todos os mortos, pois aqueles que de alguma forma perderam o cérebro não sofrem a transformação e essa termina sendo a única forma de se matar um zumbi - arrancando-lhe o cérebro, atirando em sua cabeça...
R vive em um aeroporto com vários outros zumbis. Seu melhor amigo é o M, um cara truculento com aspecto razoável porém bem menos refinado que o R. Eles costumam deixar o aeroporto em grandes grupos para "caçar" na cidade. Assim, eles ficam menos vulneráveis aos ataques dos humanos. Eles comem qualquer parte dos humanos mas a preferida é o cérebro. E sabe por quê? Porque enquanto "degustam um bom cérebro" eles adquirem por alguns instantes, as memórias daquele humano e podem vivenciar as sensações descritas por elas como se estivessem vivos novamente. 
Em busca de comida, R ataca Perry e algo estranho acontece. Através das lembranças de Perry, ele conhece Julie. Ei, espera um instante... Julie, a garota das lembranças, é a mesma garota que ele vê paralisada em sua frente, totalmente em estado de choque. Ui! Quer saber onde tudo isso vai dar? 
Os olhos dela são como ferro quente ao lado do meu rosto e percebo que não conseguirei escapar. Ponho uma mão sobre o meu peito. No meu "coração". Será que este pobre órgão ainda representa alguma coisa?Ele só fica ali no meu peito, parado, sem bombear mais sangue, sem nenhum propósito, mas meus sentimentos ainda parecem se originar de dentro de suas paredes geladas. Minha tristeza silenciosa, meus anseios vagos, e minhas raras centelhas de felicidade. Elas se represam no centro do meu peito e de lá escoam para fora, diluídas e fracas, mas reais.
Será que a Julie vai conseguir se apaixonar por um zumbi? Tudo bem que ele é doce, gentil, cavalheiro e lindo (fora a pele cinza), mas poxa vida, ele come cérebros!!! Se eu fosse a Nora (melhor amiga da Julie), eu diria pra Julie - Ah, amiga... que homem é perfeito? Vivos ou mortos, todos têm um "defeitinho"!
Ah, gente! Eu fico louca pra contar, mas daí, que graça teria? 
O livro é cheio de reflexões sobre o mundo, as nossas ações em relação a sua preservação, relacionamentos humanos , preconceitos e ainda tem boa música. Julie não é uma mocinha tosca, pelo contrário, é divertida e desbocada. 
Na sinopse do livro tem assim: "Serão eles Romeu e Julieta de um mundo pós-apocalíptico?" 



Conceito: ✿✿✿✿✿



Um comentário:

  1. É incrível como o que você mais gosta às vezes não toca as outras pessoas. =/

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...