"Depois de cerca de dez dias na Itália, a Depressão e a Solidão acabam me encontrando. Estou passeando pela Villa Borghese certa tarde, depois de um agradável dia de aula, e o sol está se pondo em tons de dourado acima da Basílica de São Pedro. Sinto-me contente neste cenário romântico, mesmo estando completamente sozinha, enquanto todas as outras pessoas estão acariciando um amante ou brincando com uma criança risonha. Mas quando paro e me apoio em uma balaustrada para admirar o pôr do sol, acabo pensando um pouco demais, e meus pensamentos se tornam sombrios, e é então que as duas me encontram.Aproximam-se de mim, silenciosas e ameaçadoras como detetives particulares, e me cercam - a Depressão pela esquerda, a Solidão pela direita. Sequer precisam me mostrar seus distintivos. Eu as conheço muito bem. Há anos que temos brincado de gato e rato. Embora eu reconheça que estou surpresa por encontrá-las neste elegante jardim italiano ao entardecer. Elas não combinam com este lugar.Pergunto a elas:“Como vocês me encontraram aqui? Quem disse a vocês que eu tinha vindo para Roma?A Depressão, sempre bancando a esperta, diz:“Como assim, você não está feliz em nos ver?”“Vá embora”, digo a ela.A Solidão, a mais sensível das duas, diz:
Elizabeth Gilbert “Desculpe, mas eu talvez precise seguir a senhora durante toda a sua viagem. É a minha missão.”“Eu preferiria que você não fizesse isso”, digo-lhe, e ela dá de ombros, quase pedindo desculpas mas se aproximando ainda mais. "
(Livro: COMER, REZAR, AMAR - Elizabeth Gilbert - Ed.Objetiva - Cap 16 - Pag. 71 e 72)
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