Então, hoje vamos falar sobre mais um volume da série de livros The Walking Dead, neste caso, A Queda do Governador - Parte Um. O que dizer... o que dizer? Não quero ser chata, muito menos agressiva... rs... mas não posso omitir o quanto fiquei me sentindo aborrecida e ‘roubada’, enquanto leitora, pelo nosso amado “fazedor” de dinheiro, o Sr. Robert Kirkman e seu parceiro de jornada literária o Sr. Jay Bonansinga...
Não tenho nada contra o cara querer e ter o direito de extrair da franquia The Walking Dead, todos os benefícios que esta puder lhe conceder. Entretanto, acho extremamente desrespeitoso se aproveitar disso para extorquir os fãs oferecendo produtos de qualidade inferior. O que foi esse livro? Vamos justificar nossa revolta, falando sobre o mesmo.
Quem leu os outros dois volumes, mesmo sendo o primeiro infinitamente superior ao segundo, viu que o Robert tem uma escrita interessante, com texto fluido, claro e de fácil leitura, que prende o leitor do início ao fim.
Mas não é essa escrita que vemos por aqui. Só para começar, temos uma cena, uma única cena de luta, cuja descrição é feita em 18 páginas... isso mesmo, 18 páginas de uma enrolação sem fim. Quantas páginas são necessárias para se descrever o líquido negro e pegajoso que é expelido pelos zumbis quando seus crânios são partidos ou seu corpo estraçalhado? Sério. Isso aconteceu da página 11 até a 29. Chaaaaaaaaaaaaaaato!
Quer saber o que é pior? Não aconteceu só nesta cena. Em muitos momentos do livro, nos quais as cenas poderiam se suceder e a história fluir, elas apenas se arrastaram. Inúmeras vezes foi mencionando insistentemente o cheiro exalado dos zumbis. Oi? Só agora eles notaram isso?
Com relação ao Governador e a sua personalidade marcante pouco foi aproveitado no que diz respeito a analisá-lo em seu desvario. Imaginei que ele seria mais abordado sobre o ponto de vista dele mesmo, através dos seus pensamentos, para que pudéssemos conhecê-lo ou até mesmo entendê-lo melhor. Afora alguns momentos em que ele manifesta uma dualidade interna constante entre Brian e Philipe não muito mais foi dito.
Já a nossa personagem Lilly que prometia tanto no volume dois da série de livros, na minha opinião, deixou muitíssimo a desejar. Mudou. Simples assim. Agora ela consegue ver (não sei como) que, às vezes ou sempre, é preciso agir como o Governador para que as coisas aconteçam a contento (estranho). Sua história é relatada paralelamente à do Governador, intercalando situações da comunidade a sua, recém desenvolvida, relação amorosa.
O momento mais interessante foi a introdução do meu amado Rick e da Michonne (personagens do universo dos quadrinhos e da série de tv) à história. Suas participações foram muito interessantes mas não houve surpresas, foi mantida a linha de pensamento dos quadrinhos. Isso me leva a dizer a esse pessoal que, se diz fã e, vive reclamando das diferenças entre série de tv e os quadrinhos para sossegar e deixar o Robert ter licença criativa para alterar algumas passagens. Digo isso pois foi estranho ler sobre a tortura da Michonne e do Governador, quando eu já conhecia os detalhes da hq. Não sei se me fiz entender...
Devo ressaltar que o que mais me agradou no livro, nem em sonho vocês vão adivinhar - o Martinez. U-hum, isso mesmo. Adorei conhecer um pouco mais do parceiro de luta do Governador. Um cara de personalidade peculiar, mais observador, inteligente e sensível do que eu supunha. Por isso, acho tão importante que o autor se dedique aos pensamentos do personagem, é uma forma de mostrar o porquê das ações. Era isso que eu esperava que tivesse sido feito aqui, nesse volume, com o Governador...
Resumindo, o livro é bonzinho. Não chega a ser maravilhoso mas é interessante, principalmente, para quem não leu os quadrinhos. Devo dizer que estou ansiosa para ver o que será feito do volume final. Muita expectativa!!!!
Se você é fã da série, como eu, obviamente vai querer ter toda a coleção de livros mesmo sabendo que não é tão maravilhosa assim. Agora, se você apenas curte o universo zumbi, o volume um da série vai te deixar feliz e satisfeito não há necessidade de adquirir todos os outros volumes.
"Martinez está parado ao lado dela, observando tudo isso com intensidade nervosa. Um punhado de emoções contraditórias revira seu estômago. Ele gosta dessas pessoas - do médico e de Alice - independentemente do ódio delas pelo Governador, das traições mesquinhas, dos planos e das fofocas e do sarcasmo e do desrespeito. Que Deus ajude Martinez, mas ele gosta delas. Martinez sente uma proximidade estranha com elas e, agora, está tateando no escuro." (pág. 235 e 236)