domingo, 6 de outubro de 2013

Filme: Foi Apenas um Sonho

Título Original: Revolutionary Road
Ano: 2008
Duração: 119 min
Direção: Sam Mendes
Roteiro: Justin Haythe
Gênero: Drama, Romance
Elenco: Leonardo DiCaprio (Frank Wheeler), Kate Winslet (April Wheeler), Michael Shanon (John Givings), Kath Bates (Sra. Givings), Richard Easton (Howard Givings) David Harbour (Shep Campbell) Kathryn Hahn (Milly Campbell)
Minha Avaliação: Totalmente Excelente!






Oi, Pessoas!!

Então, o filme de hoje eu já vi um zilhão de vezes. Adooooooooro! Leo e Kate, em nova parceria, estão mais divos que nunca! Sempre me pergunto o que é que eu to fazendo no Filmow. Não pelo site que é bem legal, mas pelas pessoas que frequentam. Embora tenha gente muito interessante, tem uma (infelizmente) maioria de pessoas totalmente sem noção. Sério... Sempre imagino que eles não viram o mesmo filme que eu. No caso desse filme especificamente os comentários são chocantes - "boring", "enfadonho", "dormi o filme todo"... Oi? Então, como pode falar de um filme que não viu? Que dormiu? E como dormiu? 

Enfim, sinto meu coração doer e meu corpo tremer diante de tanta atrocidade. Sabe o que penso? Deve ser terrivelmente desgastante para os bons artistas a facilidade com que qualquer um pode escrever o que bem quiser a respeito de qualquer coisa na internet sem a menor propriedade. 


Vamos lá...

O filme conta a história do casal Wheeler. O casal é aparentemente perfeito. Tudo o que se espera de um casal nos anos 50. Têm filhos, uma bela casa no subúrbio, a mãe cuida da casa e dos filhos,  o pai tem um bom emprego. Mas, como todos já sabemos, a perfeição não existe. 

O casal passa por grandes dificuldades em seu relacionamento e isso é a premissa do filme. Outra coisa que eu achei interessante no filme é que me parece que as personagens estão com personalidades trocadas, ou seja, April tem um pensar mais masculino e Frank, por sua vez, feminino. 

April tem suas ambições de ser atriz frustradas por sua incompetência para a carreira. Por não aceitar ser um fracasso em seu sonho, ela culpa Frank por toda a sua miséria emocional. Em busca de encontrar uma felicidade no mundo que não existe em si, April tenta de maneira desesperadora convencer Frank de que ele está insatisfeito, de que ele pode mais, deseja mais e só está anestesiado pela vida que levam. Ela acredita que eles podem ir para uma nova cidade e assim adquirir uma nova vida, onde os sonhos se renovariam e a felicidade seria constante. 


April está tão desesperada para se sentir viva que mesmo com dois filhos pequenos, faz planos surreais de se mudarem para Paris, sem um emprego definido, na remota esperança de que ela vai sustentá-los com um emprego de secretária do governo. 

Como suas economias são insuficientes, eles venderiam a casa e o carro, conseguiriam o dinheiro e mergulhariam nessa aventura rumo ao paraíso feliz.

Frank, por outro lado, não tem grandes ambições. Está satisfeito com o que adquiriu na vida. Toda a sua insatisfação vem do fato de nunca conseguir agradar a April. Ele tenta amenizar os fracassos da esposa na carreira artística e se mostrar solidário. Está sempre tentando "discutir a relação" e fazer as coisas se encaixarem. 



Como isso nunca acontece, Frank se joga numa aventura extraconjugal com uma moça do trabalho, buscando alguém que lhe diga que ele não é tão ruim quanto April o faz parecer. É mas a insatisfação de April é gritante e não pode ser aplacada com palavras, ela quer uma mudança urgente. Em Paris, ele não trabalharia... teria tempo livre para descobrir a sua "real vocação". Frank então, visivelmente desconfortável na situação, concorda com a aventura Parisiense. Ele fica feliz em vê-la feliz. Pelo menos foi o que eu senti. Senti mais amor da parte dele do que da parte dela. Embora ela pareça amar um Frank que ela criou em sua mente... =\


Obviamente, aos olhos das demais pessoas, a aventura Parisiense é uma grande e inconsequente loucura. O casal Wheeler é obrigado a lidar com os vizinhos e a visita constante da Sra. Givings (corretora que lhes vendeu a casa). A mulher fala sem parar e é completamente sem noção. Seu marido usa um aparelho de surdez o que é bastante conveniente nos momentos em que ela dispara suas "pérolas". 

A Sra. Givings possui um filho chamado John que está saindo de um pesado tratamento psiquiátrico a base de eletrochoques e parece não ter filtro social. 

Despeja tudo que pensa e enxerga muito além das convenções sociais. São cenas constrangedoras e maravilhosas de grande teor filosófico - as que os Wheelers dividem com ele. 



"Quem quer brincar de casinha, tem que ter um emprego. Quem quer brincar de casinha bem bonita, tem que ter um emprego de que não gosta." (John Givings)

"Muitas pessoas mergulham no vazio, mas é preciso coragem para enxergar a desesperança." (John Givings)

" Talvez estejamos fugindo do vazio sem esperança de nossas vidas." (Frank)


"Se ser loucos significa levar uma vida com sentido, eu não me importo de sermos completamente loucos." (April)

O casal vizinho - Shep e Milly - é ainda mais infeliz que os Wheelers mas mantém uma eterna mascara artificial de felicidade. 



Entretanto, de alguma forma, a vida vai tomando outro rumo... O que acontece? Em meio a discussões homéricas e atuações brilhantes dos meus dois amados Kate e Leo, o casal Wheeler vai levantar questionamentos perfeitamente humanos e fatalmente presentes na vida de qualquer casal ou de qualquer pessoa com mais de 30 anos, eu suponho.

Nos amamos? Por que estamos juntos? Somos felizes? Vivemos o que planejamos? Essa é a casa dos meus sonhos? Esse é um emprego de verdade? Queríamos mesmo filhos ou apenas cumprimos etapas sociais? Nossa vida está resumida a isso? O que eu estou disposto a fazer para realizar meus sonhos e mudar minha vida?


Os Wheelers têm diálogos fortes, com palavras pesadas (não palavrões). Verdades que magoam e das quais eles não podem fugir. Chorei em muitas cenas porque a dor deles é incrivelmente palpável. Acho que se você curte um bom drama cheio de questionamentos existenciais, vai amar o filme. É PERFEITO!      

"Não é culpa minha que você não tenha se tornado atriz." (Frank)

"Olhe-se no espelho e me diga se por algum rasgo de imaginação você pode realmente ser chamado de homem." (April)

2 comentários:

  1. Esse foi um filme do qual gostei muito; vi faz tempo, não me lembro de todos os detalhes, mas lembro bem do sentimento tão real de decepção, de prisão mesmo do casal em relação à vida, a eles próprios. A urgência de mudanças em paralelo à estagnação que os consome. Ótimo filme, e também gosto muito de Kate Winslet e DiCaprio como casal.

    Um beijo, Livro Lab

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    Respostas
    1. Oi, Aline!
      Exato! O relacionamento deles é de fato uma prisão... E tem uma outra fala do personagem John que diz assim: "Tenho pena de você e tenho pena dele... no final, vocês se merecem..."
      Ou seja, eles estavam realmente presos um ao outro nessa inércia, sem criar uma saída.

      Beijo

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